O Naturismo
Para além da prática da nudez total em contexto social, o naturismo promove a estabilidade mental e física. O simples contato do corpo humano nu com os elementos naturais (sol, água vento etc…), a alteração de hábitos alimentares ou a preocupação com o meio ambiente são algumas das práticas que contribuem para o bem-estar geral do corpo humano. O naturismo é assim, um estilo de vida saudável e natural.
O naturismo quebra as barreiras sociais que há muito contribuem para uma degradação do ser humano. No naturismo, o corpo ideal é aquele com que se nasce, não existem preconceitos raciais ou sexuais. No naturismo todos são aceites por aquilo que são.
Essa filosofia de vida ainda é marginalizada pela sociedade por demonstrar a nudez exposta, mesmo que sem conotação sexual, os grupos muitas vezes são subjugados e excluídos da cultura. Entender de forma natural o impacto que esse grupo urbano causa na sociedade tem sido nossa principal tarefa, desmistificando o nu como prática natural e espontânea.
Os naturistas são felizes, são pessoas amigáveis que têm o prazer de ter descoberto este estilo de vida e de tratar todos com respeito e igualdade. Estar entre pessoas contentes e confortáveis traz uma sensação de bem-estar mental e apesar do que se possa pensar, rapidamente nos habituamos ao facto de estarmos nus em conjunto com outras pessoas. O nudismo não é nem deverá ser sexualmente estimulante e nos locais nudistas vais encontrar pessoas a fazer as tarefas do dia a dia, apenas estão despidas.
No naturismo, ao ficar nu, fica-se livre não só das roupas, como também dos preconceitos, status e hierarquias que a vestimenta carrega consigo. Esse desnudamento influencia diretamente o psicológico da pessoa. Ao passo que se abrir e se mostrar in natura não causa grande repulsa, pelo contrário, se é recebido com complacência e aceitação, a própria pessoa consegue se ver de maneira mais positiva (THIBES, 2012, p.64).
Qualquer um pode ser naturista. Não interessa a idade, a forma do corpo, a cor da pele, nem a religião. Em locais naturistas você vai ver bebés nos braços, crianças e adolescentes, até mesmo idosos.
Existem milhares de famílias naturistas algumas até já o são há várias gerações por acreditarem que este é realmente um estilo de vida mais saudável e natural.
Quando se pronuncia a palavra “natureza”, porque não significa tão somente as plantas, as matas, os rios e os animais, mas também o corpo humano inserido dentro desse contexto, num processo de igualdade e liberdade. Assim, as implicações sociais são muito significativas, cada leitor desse texto pode fazer as suas próprias reflexões e conclusões.
Só poderá haver a harmonia com a natureza quando há aceitação de si mesmo. Por esse motivo o Naturismo abraça a todos sem distinção de cor, nacionalidade, orientação sexual, opções políticas, crenças e gêneros. É um movimento unificador e pacífico porque entende que a universalidade do corpo não pode ser segregada em partes indecentes e decentes, isso é moralismo.
“O homem quando se despe predispõe-se a mudanças mais fundamentais e significativas em sua vida. Tendo recuperado este espaço de liberdade que é o seu próprio corpo, tendo superado este imenso tabu que é a nudez, um horizonte todo se alarga, propiciando reflexões mais amplas e aprofundadas sobre o existir, sobre o viver. Antigos valores, arcaicas crenças, códigos, posturas, comportamentos condicionados pela velha moral, começam a ser repensados, redefinidos, questionados”. (Edson Medeiros)
No Brasil, o naturismo foi introduzido pela Vedete Luz Del Fuego (Dora Vivaqua), que o praticava na Ilha do Solque na Baía de Guanabara – RJ e permaneceu até a sua morte misteriosa em 1967. Ela declarou certa vez: Não existe indecência no corpo humano. Cobrindo-o com vestes, nós é que o tornamos cobiçado e nos excitamos pelo pensamento desviado.
Durante o regime militar, o naturismo ficou inibido, sendo praticado em pontos isolados e privados.
Desde o princípio, o movimento naturista no Brasil seguiu as normas éticas apregoadas pela Federação Internacional. Era-se contra posturas obscenas e atos indecorosos durante a prática do nu social. “Luz fazia questão de evidenciar que ali não era lugar para a prática do sexo. As roupas deviam ser deixadas na entrada da ilha e todos deviam se sentir à vontade, praticar atividades saudáveis como nadar, jogar vôlei e tomar aquele banho de sol.” (JUNG, 2003, p.31).
Nos anos 80, com a redemocratização o contexto se mostrou, por fim, mais propício ao retorno do movimento naturista. Em 15 de Janeiro de 1988, Celso Rossi registrou a fundação da então chamada FBN – Federação Brasileira de Naturismo. (ROSSI, 1993). Mais tarde a sigla da Federação foi modificada para FBrN, a fim de não confundir com a previamente existente Federação Belga de Naturismo que já utilizada a referida sigla.
A INF/FNI – International Naturist Federation, ou para nós Federação Internacional de Naturismo, é uma organização que foi fundada em 1953 pelo francês Albert Lecoq, um incontestável e imbatível visionário do naturismo familiar. Criada pela união das Federações Nacionais já existentes, esta organização foi criada para manter unidos os naturistas/nudistas de todo o mundo, mantendo vivo o pensamento e a filosofia do movimento, apesar das diferenças culturais e geográficas. A função da INF-FNI é assegurar internacionalmente a presença e a representação do naturismo, sempre que isso for possível, através da manutenção de canais de comunicação com os detentores da autoridade nas áreas de educação, moral, cultura, turismo e saúde. Desta forma, a INF-FNI defende o interesse do naturismo organizado.
Quem pensa que o Naturismo é totalmente livres de convenções, se engana. Assim como qualquer outro espaço público, há normas de convivência que, se forem ignoradas, podem até levar à expulsão permanente do local.
Embora os princípios da ética naturista sejam praticamente universais existem diferenças, a nível de cada país, nas regras definidas pelas Federações nacionais.
No Brasil, o código de ética naturista, aprovado pela Federação Brasileira de Naturismo, reflete e reforça práticas que garantem o bem-estar comum. Contrastando com a atitude aparentemente liberal, demonstrações mais veementes de afeição ou interesse sexual são coibidas.
Em áreas privadas, é quase impossível acontecer uma excitação. Quando a pessoa vai num lugar assim, recebe instruções, assiste a vídeos documentários, ou seja, existe uma preparação e adaptação. A nudez não excita! O ambiente familiar também não. O que excita é o que está por trás da vestimenta, o desconhecido. Cada pessoa sabe até onde pode ir e conhece seu corpo. Os ambientes naturistas são muito parecidos com qualquer outro ambiente público. Pode-se realizar tudo o que as convenções sociais julgam normais. De qualquer forma, possuímos um documento conhecido como “Normas Éticas do Naturismo Brasileiro” que norteia a prática e nele existem cuidados a serem tomados, tais como: são consideradas condutas antiéticas, e como tal devendo ser evitadas e fiscalizadas pelos associados, as abaixo relacionadas: agir de maneira desrespeitosa e/ou agressiva com quem quer que seja, em qualquer situação; praticar atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas; fotografar, gravar ou filmar qualquer pessoa ou grupo, seja de qual distância for, sem a permissão dos mesmos; constranger, através de atitudes passiva ou ativas, outros naturistas; praticar jogos ou outras atividades, nas áreas públicas, que possam interferir na segurança ou tranquilidade dos demais naturistas; utilizar instrumentos ou aparelhos sonoros em volume que possa interferir na tranquilidade alheia; satisfazer necessidades fisiológicas nas áreas públicas; deixar lixo de qualquer espécie nas áreas citadas.
Um naturista geralmente carrega consigo apenas uma canga, que se transformou em traje oficial. Utilizamos ela em situações de uso comum: cadeiras, bancos. Usamos também como agasalho, para nos secar após um banho de mar, lago, cachoeira. Também para nos estirarmos na areia e até para nos protegermos do sol.
“O naturismo é um estilo de vida totalmente familiar”
A maior parte das pessoas não naturistas que ocasionalmente visita uma praia ou outro qualquer lugar naturista fica surpreendida pela ausência de sexualidade. Como no geral se apresenta a nudez ligada à sexualidade, em revistas, filmes, etc., as pessoas são levadas a associarem a prática naturista a práticas sexuais ou, simplesmente, erótico-exibicionistas. No naturismo, nosso corpo é assumido por cada um e olhado por todos com total naturalidade.
Os exibicionistas despem-se ou expõem-se sobretudo para “chocar” os outros. Para verem e serem vistos, salientando em particular os órgãos genitais e regiões consideradas erógenas. Os naturistas apenas gostam de viver nus e não pretendem provocar ninguém. Pelo contrário, procuram ser discretos e respeitadores, evitando todas as posturas que possam ser confundidas com as dos exibicionistas e voyeurs.
Não existem ideais de beleza definidos entre os naturistas. Todas as formas, altas ou baixas, magras ou gordas, são igualmente respeitadas e aceitas. O naturismo serve, também, para elevar a autoestima e ajudar a compreender que em todos os corpos existe uma beleza e uma sensualidade inatas.
As crianças são naturistas natas. Se veem que os pais aceitam a nudez, naturalmente ficam mais a vontade do que qualquer outro iniciante.
“O Naturismo é uma forma de vida em harmonia com a natureza, caracterizada pela prática da nudez social (ou coletiva), no propósito de favorecer o respeito por si mesmo, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente.”
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